quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Prato do Dia: Porque eu VOLTEI para o Facebook


Há mais ou menos duas  semanas me deu o tal dos “cinco minutos”, mais conhecido como faniquito (alguém já tinha escrito essa palavra antes?). É verdade que acordei irritada e assim foi o dia todo. Lá pelas tantas (já era madrugada) resolvi dar um basta na mútua-invasão-de-privacidade-da-vida-alheia, mais conhecido como Facebook (sim, aqui estou eu falando nele de novo!). Decidi que não dava mais e... pedi para sair. Simples assim. Até pensei em escrever aqui no blog sobre os motivos que me levaram a sair do Face, mas o que aconteceu depois foi algo tão surpreendente que decidi contar também os motivos que me levaram a voltar.

Nessa não declarada competição de quem tem mais amigos, tenho certeza que muitos dos meus “amigos” nem notaram a minha saída e só estão sabendo disso agora. Mas sim, eu – por alguns poucos dias, é verdade – consegui sim sair do Face e confesso: me senti vitoriosa, afinal, meus caros não assumidos-viciados em Face, apertar a tecla tcháu e colocar um basta na relação com seus trocentos amigos, com todas aquelas fotos de lugares maravilhosos, todas aquelas fotos de família perfeita de comercial de TV, suas lindas frases de efeito (de autores dos quais nem lemos uma obra sequer) e virar as costas para as todas as opiniões (sempre) formadas de todos, não é das tarefas mais fáceis. Mas eu consegui e garanto: foi libertador.



Por alguns dias pude desfrutar da antiga paz que me permitia viver apenas na (e não “a”) realidade,  porque – convenhamos – o Face é bem surreal! Criamos em nossas páginas uma vida diferente daquela do nosso dia-a-dia. Eu não viajo todo final de semana, não estou rindo durante 24 horas por dia, minha gata nem sempre está linda, branca e saudável e nem de longe ando produzida como mostra algumas de minhas fotos. Mas o Face não foi feito para mostrarmos a nossa real-realidade. Ele - pelo contrário - é o “brinquedinho” que usamos para nos distanciarmos cada vez mais dela e sermos “livres” para brincar de sermos quem realmente não somos. Mas quem já não se perdeu nessa brincadeira que atire a primeira pedra. Eu já. Me perdi acreditando que aquilo que eu estava vendo era real. Já dei risada acreditando, mas também já chorei acreditando. E pior: perdi muito tempo nessa brincadeira.
 

Então, no dia do faniquito, cansada de invadir a vida dos outros e de me deixar ser invadida, dei um ponto final nessa relação. O que eu queria, o que eu buscava era voltar a ter uma relação verdadeira (real mesmo) com pessoas que fazem parte e diferença na minha vida. Pessoas com as quais eu pudesse ter uma relação sem ter que digitar um login e uma senha.

Como eu disse antes, algo supreendente aconteceu após a minha saída. Recebi alguns emails de pessoas que me questionavam o porquê eu havia saído do Facebook. Fiquei surpresa, confusa e, confesso, até um pouco irritada. Precisava dar satisfação do porquê eu havia saído do Facebook?!? Que loucura! A que ponto chegamos! Após o susto, parei para refletir e cheguei a conclusão de que quando lá entrei recebi vários “Seja bem-vinda”, afinal eu estava entrando no universo paralelo de cada um e, muito mal educada que fui, acabei saindo sem me despedir. Então, aproveito a oportunidade para – virtualmente falando – pedir desculpas pela minha nada honrosa atitute.

Confesso que se ainda estivesse morando no Brasil, teria me desconectado para sempre do meu mundo virtual, porque a verdade é que eu não consigo mais achar tanta graça em ficar vendo fotos, curtindo, comentando, postando e fuçando a vida alheia. Mas morando aqui, tão longe da família, sair do Face foi fechar a porta para aqueles com quem eu não mantenho outro tipo de contato, nem por email, nem por Skype e nem por telefone. Para endossar a minha volta, cito como exemplo meu pai, que no auge dos seus 47 anos (como ele costuma brincar), entrou no Facebook por minha causa, para ver minhas fotos, fazer parte da minha vida (mesmo que não tão real assim). Da Espanha, tenho tios queridos que me acompanham pela rede. Da Grécia, uma prima que, assim como eu, não teve medo de mudar o destino. Do Brasil, meus pais, minhas irmãs, sobrinhos, família toda e amigos. Como não deixá-los participar dessa minha atual gelada loucura de ter vindo morar no Canadá? Não, não. Não vou mais poupá-los de sentir junto comigo esse frio todo daqui!

Karin Silvestre

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Prato do Dia: O que dura para sempre?



Como eu escrevi em outro post, a vida é feita de fases. Temos que colocar na cabeça de uma vez por todas que nós não “somos”. Nós “estamos”. Se compreendermos isso e, principalmente, incorporamos isso, a vida ficaria, sem dúvida, tão mais simples, tão mais leve, tão mais gostosa de ser vivida.
 
 
Vou exemplificar. Se eu penso, por exemplo, que sou uma pessoa sem sorte, vou ficar deprimida e achar que tudo vai dar errado mesmo e que nem adianta lutar, afinal sou sem sorte mesmo. Agora, se eu simplesmente me utilizar do verbo-amigo “estar”, vou pensar que estou sem sorte nesse momento, mas vejo possibilidades num futuro próximo. E tudo muda!


Seguindo nessa linha, não vou dizer, por exemplo, que estou desempregada. Vou dizer que estou curtindo o verão (bem melhor, hein?). Bom, então, já que incorporei que no momento estou curtindo o verão, tenho passado uma parte dos meus ensolarados (e tão amados, salve, salve) dias lendo para melhorar meu inglês (descobri que isso será o máximo que vou conseguir... melhorar. Porque falar como os nativos, só nascendo em país de língua materna inglesa! Bom, falo por mim, claro).

 
Estou me sentindo naquela famosa fase pré-vestibular. Aquela em que os candidatos lêem até bula de remédio. Enfim, lendo um livrinho (aquele que você termina de uma tacada só), me deparei com uma frase que me fez conseguir (tentar) mudar a minha (nossa, talvez?) tendência para o negativismo. Ei-la: What three words make you sad when you´re happy and happy when you´re sad? The answer is Nothing lasts forever”. Tradução: Qual as três (no caso da língua portuguesa, quatro) palavras que faz você ficar triste quando você está feliz e feliz quando você está triste? A resposta é Nada dura para sempre”.
 
Eu sei. Isso é óbvio. Não é óbvio? Mas o óbvio surpreende. Clarice Lispector nos brindou com a frase “O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar”. Anonimamente alguém escreveu “O óbvio só é óbvio para os olhos preparados”. Aquela frase do livrinho saltou aos meus olhos como se estivesse grafada com caneta-amarelão-marca-texto. Nada dura para sempre. Coisas boas ou coisas ruins: nada dura para sempre. Na fase boa, aproveite. Na fase ruim, espere. Porque nada dura para sempre.

Karin Silvestre