domingo, 8 de dezembro de 2013

Prato do dia: Aonde está o inglês no Brasil?


Está na lanchonete na forma redonda de um cheeseburger com muito ketchup ou na forma cilíndrica de um hot dog. Pode também estar na forma líquida e saborosa de um milk shake.    E essas guloseimas estão todas num tal de fast food, mas se você mesmo se servir, ah, aí vira self service. E se pedir em casa? É delivery! E chega rapidinho trazida por aquele motoboy com aquela tatto no braço. Mas e se a fome está junto com a pressa? O jeito é passar no drive-thru. Nessa hora, o melhor é deixar de ser diet e encarar logo uma banana-split ou um sundae com cookies. Mas não tem jeito. A consciência vai ficar heavy, você vai ficar down e aí o jeito é queimar essas calorias fazendo muito gym com um personal trainer para dar logo um up no seu shape.

Também está no shopping. Grudado nas vitrines que gritam as sales com 30, 40, 50% off. Está na calça jeans e no shorts de cintura baixa que deixa à mostra o piercing que faz da garota de hoje, não mais a top model de ontem, mas sim a it-girl, cheia de style. Mas se o shopping está cheio e o money está curto, a melhor opção é esperar pelo Black Friday e fazer as compras online. Qualquer dúvida basta enviar um e-mail ou entrar no chat da empresa. Fast e simple.

É possível encontrá-lo também na lanhouse. Aquele ambiente repleto de computadores e notebooks, onde no ar circula um tal de wireless que permite surfar livremente na internet. E é no Instagram que se postam as fotos apenas com um clique, claro, depois de ter feito o download do pendrive. Checar as músicas Top 5 (Five) do momento, basta recorrer ao YouTube. Já no Facebook, a labuta diária fica bonita: o real vira fake depois de alguns posts. Mas ninguém se importa: lá todo mundo está sempre happy. What a wonderful world!

E o inglês é forte até mesmo quando o sun já foi embora. Quando é possível dar um break nos pensamentos e curtir a night em casa mesmo. Free time, finalmente! E nada de playstation, tablet ou scannear aquela papelada que faltou. Ligar a TV e ver The Voice ou Big Brother Brazil, nem pensar. Relax total. Sem stress. Se possível, esticar o body na cama king size. Mas antes, tirar uns cubos de ice do freezer e colocar na água, afinal a primavera está muito hot. Uma massagem express seria perfeita antes de voltar para aquele best seller, que espera no criado-mudo. Agora se o dia foi muito bad, o melhor mesmo é deletá-lo e ir dormir. Good night!
Karin Silvestre


domingo, 31 de março de 2013

Prato do Dia: matando a fome da saudade!

Coxinha de frango. Pastel, de e na feira, claro. Acompanhamento: caldo de cana com um pouquinho de limão. Aquele vinagrete (duvidoso) vai bem também. Esfiha. De carne e aberta. Kibe. Comida de mãe: macarrão de forno, arroz com feijão, bolinho de carne, sanduíche de forno, farofa de soja, bolo de nozes, bolinho de bacalhau. Comida de sogra: trufas, torta de maçã e brigadeiro. Almoçar no Galetos com sogro e sogranicedrasta. Sexta-feira: pizza na casa dos meus pais. Rodízio japonês. Pão na chapa na padaria. Suco natural. Sol. De verdade. Quentinho. Vitamina D natural. Direto da bola amarela e redonda. Museu do Ipiranga. Água de coco: direto do coco! Família!!!!! Ao vivo e em cores. Checar crescimento dos sobrinhos. Conhecer a nova sobrinha. Amigos!!!!! Ao vivo e em cores. Papo em dia. Reunião com as amigas (esse encontro vai durar um dia todo!). Usar apenas uma peça de roupa: uma calça, uma blusa, uma meia... Nada duplo. Usar vestido. Usar sandália. Avenida Paulista. 25 de março. Mercadão. José Paulino. Brás. Centro da Cidade. Trânsito. Poluição. Barulho. Filas. Chuva. Tomar chuva. Inundação. Metrô lotado. Notícias ruins na TV. Novelas. Médico. Dentista. Veterinária: Dra. Sirlei. Banco. Ovo Maltine do Bob´s. Praia. Mar. Areia. Andar descalça. Churrasco. Mormaço. Checar previsão do tempo: nunca abaixo de zero! Falar sem errar. Ouvir e entender. Sentir-se confortável: lá, eu sei as regras. Falar sem parar. Tantas histórias. Contar várias vezes. Escutar. Tantas histórias. Passear por shoppings já tão conhecidos. Conhecer shoppings recém-inaugurados. Macarrão e frango de padaria no domingo. Parque do Ibirapuera. Famiglia Mancini. Picolé. Café. Marguerita na Pizzaria Marguerita. Nhá benta. Bolo mil folhas da São Gabriel (do meu casamento). Tempo úmido. Bolinho de chuva. Primeiro de abril.
 
Karin Silvestre

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Prato do Dia: Paciência... Ele corre sozinho.

Eu sei, eu sei. Faz tempo que eu não escrevo. Estive por aí, por aqui, por lá. Não é fácil arrumar um tempinho para fazer o que se gosta quando você entra na fase  do “tentando se encontrar”. E, obviamente, só quer se encontrar, quem já se perdeu.  Levante a mão quem já não se perdeu? Tem gente que se perde na rua, tem que gente que se perde mesmo usando o GPS e tem gente que se perde nos próprios pensamentos. Eu? Ah, eu me perco em todas as opções!
O que eu tenho aprendido nessa minha busca pela minha própria localização é que não adianta passar a perna no tempo e tentar chegar no destino final antes do previsto. Isso só gera ansiedade, que gera estresse, que gera doença e por aí vai. A palavra (que eu odeio, por sinal) é Paciência. Assim como nasci sem GPS, também nasci sem paciência. Mas como estamos todos aqui nessa escolinha chamada vida  para aprender, o jeito é fazer a lição de casa. A minha, sem dúvida, é resolver as equações da tal da dona Paciência. E olha que eu nem sou tão boa em matemática...rs.
 






A vida - sabendo desse meu ponto franco - resolveu me ensinar na prática (sem números) uma pequena lição. Ela começou há muito tempo,  quando vi um livro em cima da cama da minha irmã (estudante de psicologia na época) que se chamava “Não apresse o rio, ele corre sozinho”.  Provavelmente eu deveria estar com pressa (leia-se: sem paciência) e acabei não abrindo e nem lendo o tal livro. No entanto, o título nunca saiu da minha cabeça, principalmente ultimamente, em que estou num momento de total ansiedade e nenhuma paciência. Tenho usado essa frase do título como um mantra: não apresse o rio, Karin, ele corre sozinho! Não apresse o rio, Karin, ele corre sozinho...


Meus "adversários"
Curiosamente passei por uma situação, aqui no verão canadense, no qual esse meu mantra acabou se materializando. Dois rios (Bow e Elbow) cortam a cidade de Calgary. No verão, “just for fun”, é muito comum vestir os coletes salva-vidas e jogar o bote no rio. Claro que não poderíamos perder essa experiência e lá fomos nós. Nosso grupo se dividiu em três botes. Um, só com adultos. Outro, com dois meninos de 11 anos e o terceiro com três adolescentes (duas meninas e um menino).  Decididos a trocar a cor de neve da pele por um amareladinho, os adolescentes deitaram-se no bote e abandonaram o remo. Claro que ficaram para trás (para mim, o “just for fun” já tinha virado competição a partir do momento que sentei no bote).





Meu marido se esforçando
para ganharmos a "competição"
 
A disputa (criada somente na minha cabeça) começou. Nós contra os menininhos! Não, não pense que meu bote – por só ter adultos – estava com vantagem. Muito pelo contrário. Dois remos. Dois adultos remando, sendo... um para cada lado! Resolvi agir e passei a remar. Não era tão fácil quanto parecia. O vento estava contra. Muita força era feita e atolávamos nas pedras. Avistava o bote dos adolescentes de vez em quando. Bem longe da gente. Só dava para ver três pares de pés para fora do bote... Uma tranquilidade. Não, não tenho tempo a perder. Voltei para o remo.
 
Em determinado momento do percurso, o rio foi cortado por uma montanha de pedras. Logo após esse “obstáculo” estava a nossa linha de chegada. Rema, rema, atola, pára, vira o barco, rema para a direita, vamos! Direita, esquerda! Rema! O rio acabou separando os botes: o dos meninos e o nosso seguiu por um lado da montanha e o bote dos adolescentes-tranquilos foi levado pelo rio para o outro lado. E foi com os olhos arregalados e com a boca aberta que vi eles - tranquilamente - ganharem a “competição”, sem nem ao menos pegarem no remo!



Exemplo de quem vence a competição sem apressar o rio
 

E, naquele momento, como não poderia deixar de acontecer, a frase se materializou: “Não apresse o rio, ele corre sozinho”. Hoje sei que esse episódio nada mais foi do que a vida me ensinando mais um capítulo da difícil lição da importância de se ter paciência.
 

Karin Silvestre