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Meu marido, meu incentivador |
No post anterior
descrevi a sensação de como foi a última vez que eu fiz algo pela primeira vez.
Contei como eu criei coragem e comprei – pela primeira vez - minha própria bicicleta.
Nesse post, a ideia era escrever a parte 2 dessa história. Caberia aqui relatar
que a compra da bicicleta ficou agora para a penúltima vez, já que recentemente
me aventurei na minha última vez que fiz algo pela primeira vez: jogar tênis!
(marido esportista é isso que dá!rs). Resumidamente o que posso dizer até agora
sobre “estar” tenista é: cansa, dói o braço, mas é divertido. Arrisco-me até a
fazer uma pequena comparação entre Sharopava e eu: a minha sainha é mais
bonita!rs.
Mas assim como quando
estou pedalando por aí, sempre mudo o percurso, resolvi também mudar o caminho
desse post. Virei uma direita aqui, uma esquerda ali, segui em frente e... lá
estava ela! Aliás, ela foi a razão pela qual comprei a bicicleta. Ela é de
tamanha importância para mim, que resolvi elegê-la o tema desse post. “Ela”é uma
das 18 bibliotecas espalhadas por Calgary, cidade localizada na costa oeste do Canadá e onde resido atualmente.
A maior biblioteca fica
no centro e a segunda maior fica... perto da minha casa! A apenas uma bicicleta
de distância. A primeira vez que lá estive, me encantei com a estrutura física.
Os vidros enormes por toda a sua extensão permitem uma visão praticamente
panorâmica do quarteirão que a comporta. Permite, inclusive, ver a enorme
quantidade de carros parados no estacionamento dela. Não importa o dia, não
importa a hora, a biblioteca está sempre lotada.
Não pense que seus
maiores usuários são pessoas mais maduras que preferem sentir o “aroma” do
papel de jornal a clicar num link. Os frequentadores pertencem a todas as
faixas etárias. Há também os frequentadores-mirins, aqueles que mesmo não sabendo
ler, já se familiarizam no mundo da leitura participando das atividades
(diárias!) junto aos monitores-voluntários, que lêem livrinhos, contam historinhas
e colocam musiquinha. Tudo num ambiente colorido e aconchegante. (Isso sim é que
pode se chamar de “preparar o leitor do futuro”...)
Na parte central da biblioteca
há uma linda lareira cercada por vários sofás e poltronas. São nelas, aliás,
que eu dispensava algumas horinhas folheando revistas. Só esperando para
interagir com mais estrangeiros, que – assim como eu - buscavam por meio de um
curso oferecido e ministrado na própria biblioteca, um aprofundamento no
inglês. Isso acontecia uma vez por semana, por duas horas, com direito até a
cafezinho. Sem custos.
Além dos livros tradicionalmente
dispostos nas estantes, lá pode-se pegar emprestados DVDs (com o fechamento da
Blockbuster, o número de filmes e documentários aumentou consideravelmente na biblioteca),
CDs, audio-livros, livros em MP3 e revistas. É possível levar para casa até 99
ítens de uma só vez! Para isso, basta fazer uma carteirinha. Essa, na verdade, é
um cartão-magnético que permite também que se acesse a internet de qualquer computador
disponível todas as bibliotecas. Mas nada impede de se levar o
próprio notebook e buscar inspiração sentando-se em uma das mesas de frente
para um dos janelões. Esse cartão também dá acesso ao portal da Biblioteca na
internet e é por lá que eu renovo todos os materiais emprestados.
Uma outra
particularidade é que nessa biblioteca, o som da sua voz, definitivamente não é
um pecado mortal. Ninguém fala baixinho, ninguém cochicha e ninguém pede “shssssss”. Quem quer silêncio,
deve dirigir-se à Sala do Silêncio (nada mais óbvio! Para que complicar?). E como ler e estudar exige concentração,
nada mais apropriado do que ingerir uma cafeína básica, disfarçada num saboroso
cappuccino na máquina de cafés.
Já abastecida e pronta
para voltar para casa na minha bike, confesso que mesmo depois de tantas idas a
esse colosso da informação, ainda me flagro observando extasiada as pessoas
circulando com cestas (essas de fazer compras mesmo) pelos corredores da biblioteca.
As crianças seguem os adultos e vão ajudando-os a encher a cestinha. É um verdadeiro
supermercado de conhecimento!
Na saída, é preciso
fazer o check-out no computador. Para
isso, para alcançar o balcão, as crianças - já muito acostumadas com o ambiente
- sobem tranquilamente num dos vários banquinhos coloridos disponíveis. Hora de
partir. Coloco meu capacete e sigo meu caminho refletindo... Banquinhos que
auxiliam a elevar as alturas físicas delas, mas banquinhos também que servem
para deixar bem claro de que lugar de criança é também na Biblioteca. E é assim
que se dá o pontapé inicial em busca da conquista do título de “país de
primeiro mundo.”
Karin Silvestre