quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Prato do Dia: Paciência... Ele corre sozinho.

Eu sei, eu sei. Faz tempo que eu não escrevo. Estive por aí, por aqui, por lá. Não é fácil arrumar um tempinho para fazer o que se gosta quando você entra na fase  do “tentando se encontrar”. E, obviamente, só quer se encontrar, quem já se perdeu.  Levante a mão quem já não se perdeu? Tem gente que se perde na rua, tem que gente que se perde mesmo usando o GPS e tem gente que se perde nos próprios pensamentos. Eu? Ah, eu me perco em todas as opções!
O que eu tenho aprendido nessa minha busca pela minha própria localização é que não adianta passar a perna no tempo e tentar chegar no destino final antes do previsto. Isso só gera ansiedade, que gera estresse, que gera doença e por aí vai. A palavra (que eu odeio, por sinal) é Paciência. Assim como nasci sem GPS, também nasci sem paciência. Mas como estamos todos aqui nessa escolinha chamada vida  para aprender, o jeito é fazer a lição de casa. A minha, sem dúvida, é resolver as equações da tal da dona Paciência. E olha que eu nem sou tão boa em matemática...rs.
 






A vida - sabendo desse meu ponto franco - resolveu me ensinar na prática (sem números) uma pequena lição. Ela começou há muito tempo,  quando vi um livro em cima da cama da minha irmã (estudante de psicologia na época) que se chamava “Não apresse o rio, ele corre sozinho”.  Provavelmente eu deveria estar com pressa (leia-se: sem paciência) e acabei não abrindo e nem lendo o tal livro. No entanto, o título nunca saiu da minha cabeça, principalmente ultimamente, em que estou num momento de total ansiedade e nenhuma paciência. Tenho usado essa frase do título como um mantra: não apresse o rio, Karin, ele corre sozinho! Não apresse o rio, Karin, ele corre sozinho...


Meus "adversários"
Curiosamente passei por uma situação, aqui no verão canadense, no qual esse meu mantra acabou se materializando. Dois rios (Bow e Elbow) cortam a cidade de Calgary. No verão, “just for fun”, é muito comum vestir os coletes salva-vidas e jogar o bote no rio. Claro que não poderíamos perder essa experiência e lá fomos nós. Nosso grupo se dividiu em três botes. Um, só com adultos. Outro, com dois meninos de 11 anos e o terceiro com três adolescentes (duas meninas e um menino).  Decididos a trocar a cor de neve da pele por um amareladinho, os adolescentes deitaram-se no bote e abandonaram o remo. Claro que ficaram para trás (para mim, o “just for fun” já tinha virado competição a partir do momento que sentei no bote).





Meu marido se esforçando
para ganharmos a "competição"
 
A disputa (criada somente na minha cabeça) começou. Nós contra os menininhos! Não, não pense que meu bote – por só ter adultos – estava com vantagem. Muito pelo contrário. Dois remos. Dois adultos remando, sendo... um para cada lado! Resolvi agir e passei a remar. Não era tão fácil quanto parecia. O vento estava contra. Muita força era feita e atolávamos nas pedras. Avistava o bote dos adolescentes de vez em quando. Bem longe da gente. Só dava para ver três pares de pés para fora do bote... Uma tranquilidade. Não, não tenho tempo a perder. Voltei para o remo.
 
Em determinado momento do percurso, o rio foi cortado por uma montanha de pedras. Logo após esse “obstáculo” estava a nossa linha de chegada. Rema, rema, atola, pára, vira o barco, rema para a direita, vamos! Direita, esquerda! Rema! O rio acabou separando os botes: o dos meninos e o nosso seguiu por um lado da montanha e o bote dos adolescentes-tranquilos foi levado pelo rio para o outro lado. E foi com os olhos arregalados e com a boca aberta que vi eles - tranquilamente - ganharem a “competição”, sem nem ao menos pegarem no remo!



Exemplo de quem vence a competição sem apressar o rio
 

E, naquele momento, como não poderia deixar de acontecer, a frase se materializou: “Não apresse o rio, ele corre sozinho”. Hoje sei que esse episódio nada mais foi do que a vida me ensinando mais um capítulo da difícil lição da importância de se ter paciência.
 

Karin Silvestre