Outro dia li um artigo que
explicava a diferença – não literal, claro - entre peixe vivo e peixe morto.
Dizia o texto que peixe morto é aquele que é levado pelas ondas. Já o peixe
vivo é aquele que nada contra a maré, ou seja, ele sobe as correntezas de um
rio, luta com vontade, com garra. Não desiste nunca. Não faz corpo mole. Vai
com fé. Fiquei me questionando quantas vezes já fui peixe morto e quantas vezes
já fui peixe vivo.
Ser peixe morto é muito
mais fácil. Você fica ali paradinho, esperando a onda te levar. De repente você
se vê numa situação e nem sabe como chegou lá. Não importa. O importante é que
você não pode ser responsabilizado por estar ali, naquela situação. Foi a vida,
digo, a onda que te levou. A culpa não é sua. E, como não poderia ser
diferente, você – peixe morto que é – se faz de vítima. Aponta os outros por
estar vivenciando tudo aquilo.
Você já foi peixe morto alguma
vez? Eu já. Fui peixe morto, por exemplo, quando - confesso - dediquei muitos anos da minha labuta vida a uma empresa
que não visava o crescimento profissional de seus funcionários. Durante esse
período não tinha consciência que estava sendo peixe morto. Não, não é verdade.
Às vezes, eu até sabia. Mas os benefícios a curto prazo de ser peixe morto me
pareciam convidativos para a época. Sem falar que a gana do peixe vivo, aquele
que luta para enfrentar correntezas e mudar o rumo da nossa vida, infelizmente demorou
para penetrar minha alma. E é incrível como esse espírito (de porco) de peixe
morto abraça todos as outras ramificações da nossa vida. Você não pode, por
exemplo, ser peixe vivo no trabalho e
ser peixe morto em casa. Uma vez peixe morto, peixe morto é! E aí você tem duas
opções: ou afoga de vez esse peixe ou vira a mesa e tira esse peixe do coma!
Já fui peixe vivo também. Tirei
meu peixe do coma várias vezes, mas para isso tive que engolir muita água
salgada nadando contra a tal da maré. Fui peixe vivo quando dei um basta em relações
que me faziam mal. Fui peixe vivo quando, sem dó, pedi demissão. Fui peixe vivo
quando decidi vender tudo e mudar de país. Hoje, peixe vivo que sou, não
desperdiço meu tempo nadando cachorrinho. Nado salmão, que é para atravessar a
correnteza e ir em busca daquilo que me faz feliz.
Karin Silvestre
Karin querida: quem já ñ foi peixe morto nessa roda viva da vida? Há aqueles que ñ somente são e estão, como sempre serão! Há tbm aqueles que já acordaram e acabaram em alguma mesa...
ResponderExcluirMas a felicidade é saber que tantos outros acordam, pulam, vibram, vivem a piracema e se propagam no universo! Que venha a bendita piracema!
Beijo,
Lelê
É isso mesmo, Elenice!
ExcluirQue venha a piracema!
Obrigada por ser sempre um peixe vivo ao lado da minha roda viva!
beijos carinhosos,
Karin
Karin
ResponderExcluirEu também estou nesse processo de saída do coma! Mas é engraçado porque quando boiamos por muito tempo ao gosto do mar perdemos a noção de onde queremos chegar. A gente sabe que nadar é preciso, mas se sente perdido em meio a tantas opções de rota!! Obrigada pela oportunidade da reflexão! Um beijo carinhoso.