quarta-feira, 2 de maio de 2012

Prato do Dia: uma comidinha de mãe. No capricho!

Pastel. Pão de queijo. Brigadeiro. Feijoada. Macarrão de forno. Farofa de soja. Pudim de leite condensado. Sanduíche de pão de forma. Bolinho de bacalhau. Bolinho de arroz.
Feito por mãe e sogra com massa trazida do Brasil

Diferente do que se possa imaginar, aqui no Canadá, comemos quase (quase) tudo o que estamos acostumados a comer no Brasil. Basta comprar e fazer. Mas, quando você tem a sorte de receber a visita dos seus pais, como não “aproveitar-se” dessa situação? Não importa a idade que nossa mãe tenha ou a idade que nós temos, mãe é mãe e filho é filho. Para sempre. O eterno proteger e ser protegido. Mas mesmo sendo nossa mãe, lá no fundo, vem aquela sensação de culpa de deixá-la manusear o fogão para satisfazer um capricho nosso.
E quantas vezes não nos aproveitamos – com a melhor das intenções, sem querer prejudicar ninguém - de pessoas e de situações no nosso dia-a-dia só para satisfazer nossos caprichos?
Capricho é uma necessidade imediata. Dizem que se você conseguir segurar esse ímpeto por 24 horas, você terá 50% de chance a mais de mudar de opinião, isto é, desistir. Quer aquela blusa linda e caréssima que fica se exibindo na vitrine toda vez que você passa? Ela não sai da sua cabeça? Espere 24 horas. Se após um dia todo, ela ainda estiver martelando na sua cabeça, vá e compre. No entanto, na maioria das vezes, no dia seguinte, você nem se lembrará mais da calça. Opa, quero dizer, da blusa. Ou era saia? Você nem se lembra mais. Outro capricho já deve estar rondando sua cabeça.
Minha ex-sala branca no Brasil
Tive que lidar com meus caprichos assim que me instalei aqui. Coisas bobas... Mas qual capricho não é bobo?. Não ter um gaveteiro, não ter TV, não ter rádio-relógio, não ter internet. Abrir a mala e não encontrar aquele livro. Não ter mais nenhum dos vários objetos de decoração que levei anos para combiná-los em minha sala branca. Enfim, foi uma batalha. Se eu venci? Algumas vezes, mas a maioria perdi. Perdi, não porque consegui satisfazer meu capricho. Perdi quando me vi chateada, mal-humorada e, às vezes, até irritada por não alcançar imediatamente meu capricho-objetivo (ah, as sagradas 24 horas!).
Cada um de nós tem caprichos diários e, consequentemente, frustações diárias. Lidar com elas não é apenas uma questão de amadurecimento. É também uma questão de capacidade. Já ouviu a frase “Quer ser feliz ou ter razão?" Muitas vezes temos que engolir nosso capricho e seguir em fente (já engolimos tantos sapos, por que não adicionar mais esse ítem ao menu?). Sei de pessoas que já perderam o emprego simplesmente porque foram incapazes de engolir o capricho. O capricho de teimar em dizer que estão certas. Vai ficar defendendo sua idéia até quando? Até perder o emprego? Até fazer do seu amigo um inimigo? O que vale mais a pena? No calor da situação, provavelmente a escolha será pelo lutar-por-minha-idéia-até-morrer, mas espere 24 horas e, com certeza, você acordará com seu emprego e seu amigo.
Até agora só falei do lado colesterol ruim do capricho. Mas ele também tem o seu HDL: a satisfação. Se o seu capricho não for prejudicar nem você e nem ninguém, vá fundo. A TV, o rádio-relógio, a internet, eu consegui (as 24, 48, 72 horas se passaram e... não dá para viver sem a tecnologia, certo?). E a comida de mãe? O pastel, o macarrão, a farofa de soja e o pudim... hummm... Satisfação garantida de filha e a mãe de volta logo (assim espero). O gaveteiro? Bom, ele continua na minha lista de caprichos, afinal preciso trabalhar meu amadurecimento e nada melhor do que sempre ter uma listinha de frustações para lidar diariamente.
Karin Silvestre









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